domingo, 14 de setembro de 2008

DESCONTENTAMENTO

Havia um homem no Irã que se chamava Ali. Ali era um homem muito rico: tinha uma grande fazenda, uma bela esposa e cinco lindos filhos. Ele era um homem feliz. Ele próprio costumava dizer: “Se uma pessoa tem esposa, filhos, saúde e dinheiro, ela é feliz”.

Ali continuou feliz até o dia em que um viajante veio visitá-lo e começou a falar em diamantes. Ali nunca tinha ouvido falar em diamantes, mas ficou encantado quando o viajante comentou: “Eles são as coisas mais lidas do mundo. O seu brilho é maior do que um milhão de sóis juntos”.

De repente Ali passou a sentir-se meio descontente. Aquilo que ele possuía não mais lhe satisfazia. Perguntou então ao viajante onde ele poderia encontrá-los. E o viajante respondeu: “Dizem que é possível achá-los em qualquer parte do mundo. Procure um riacho de águas transparente correndo sobre areia branca, em região montanhosa, e ali você achará diamantes”.

Ali então tomou uma decisão: vendeu a fazenda, deixou a esposa e se lançou em busca de diamantes.

Viajou pela Palestina, depois ao longo do rio Nilo, entrando a seguir na Espanha. Ele procurava areias brancas, montanhas altas e águas transparentes. Mas nada de encontrar diamantes. Por fim, cansado, sem dinheiro e sem amigos, num acesso de desespero, lançou-se no mar e morreu.

Nesse meio tempo, enquanto Ali procurava desesperadamente um diamante, o homem que adquirira a sua fazenda, achava, junto ao rio, uma bonita pedra; sem saber, no entanto, o que era.

Um dia apareceu novamente o viajante na fazenda. Vendo aquela pedra, perguntou ao novo proprietário onde o tinha encontrado. E o fazendeiro então contou que foi junto às águas do rio, onde todos os dias ele levava os seus jumentos a beber água.

Os dois correram para lá, cavaram um pouco e acharam mais diamantes. Esse achado se transformou na maior mina de diamantes do mundo: a mina de diamantes Golconda.

A história acima é verdadeira e contém uma grande lição. Ali era feliz e tinha tudo para continuar sendo feliz. Mas o desejo de possuir diamantes o levou ao descontentamento e à infelicidade. Gastou a vida em busca daquilo que já possuía.

O descontentamento, disse alguém, é o câncer da humanidade. Ele destrói todo o prazer de viver, levando a pessoa à infelicidade. Quantas pessoas têm tudo para serem felizes, mas como Ali, vivem descontentes, em busca daquilo que já têm.

Há pessoas que têm uma bela família. Vivem felizes em companhia da esposa e dos filhos. Mas, de repente, acham que não são felizes. Intrometem-se na família alheia, tomando a esposa e o marido dos outros. Depois, então se dão conta do seu erro: de que eram felizes e não sabiam.

Outras pessoas têm um bom emprego, uma boa casa e um bom nome. Mas não estão felizes. Acham que mudando de vida ou de lugar, vão ser felizes. Depois descobrem o erro que cometeram.

Ainda há pessoas que têm comida, roupa para vestir e saúde. Mas não são felizes, porque ficam olhando para a felicidade dos outros, achando que pelo fato dos outros terem isso ou aquilo, são mais felizes do que elas.

Procuram então possuir aquilo que os outros têm para serem felizes. Trabalham, ou melhor: se arrebentam, jogam na loteria, usam de desonestidade. Enfim: fazem das tripas o coração. E nunca são felizes.

Mesmo muitas daquelas pessoas que têm grandes bens, como terra, comércio, casas, não são felizes. Por isso compram terra e mais terras, casa e mais casas para serem felizes. Por fim não conseguem mais dormir. E, muitos, como Ali, acabam se suicidando.

De fato: o descontentamento é um grande mal, que pode levar muitas pessoas à infelicidade. Por isso diz o autor da carta aos Hebreus: “Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos com as coisas que tendes; porque ele tem dito: De maneira alguma te deixarei, nunca, jamais te abandonarei” (Hebreus 13.5,6)

E o apóstolo Paulo acrescenta, dizendo aos seus seguidores: “Contentai-vos com o que tendes. Pois grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento. Pois nada temos trazido ao mundo e nada podemos levar dele: tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes” (1 Timóteo 6.6-8).

O apóstolo não apenas disse as palavras acima, mas ainda experimentou na sua vida o que é o contentamento. Numa certa ocasião ele disse: “Aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei estar humilhado, como também ser honrado. De tudo e em todas as circunstâncias já tenho experiência, tanto de fartura, como de fome, assim de abundância, como de escassez. Tudo posso naquele que me fortalece” (Filipenses 4.11-13).

A verdadeira felicidade de uma pessoa não consiste em ter muita riqueza, muito luxo e muito conforto. Há pessoas que tem tudo isso, e não são felizes. Vivem tomando calmantes para poderem dormir e ingerindo drogas para esqueceram os seus problemas. Os seus lares são uns verdadeiros infernos, em que um briga com o outro.

De outro lado, há pessoas que nem casa elas não têm: vivem de aluguel. Não têm nenhum luxo e nem conforto. O seu dinheiro mal dá para comprar comida. Mas elas são felizes. A família é unida, os filhos respeitam os pais e o casal se ama. É que elas têm Jesus no coração.

E isso faz uma diferença enorme. Pois em lugar de ficar tomando calmantes e ingerir drogas para esquecerem os seus problemas, elas vão à igreja onde recebem os conselhos da Palavra de Deus, que as tranqüiliza e consola.

Não é pecado ser rico, ter conforto e viver uma vida boa. Errado é gastar mais do que se pode gastar, é fazer dessas coisas a razão de sua felicidade.

Há, por exemplo, pessoas, que estão tão endividadas, que não conseguem nem dinheiro para comprar comida. A sua casa é um luxo, mas a sua mesa é uma miséria. O pior de tudo é que elas nunca têm dinheiro para a igreja, pois nunca sobra nada. E eu pergunto: como uma pessoa assim pode ser feliz, que vive atolada em dívida, sempre com a corda no pescoço?

Aprendamos a lição do contentamento. Não façamos como muitas pessoas estão fazendo, que arruínam a sua felicidade por causa do seu descontentamento. Mas façamos com aquelas pessoas, que aprenderam a viver contente em toda e qualquer situação.

Lembremos-nos sempre de que “nada temos trazido para o mundo e nem coisa alguma podemos levar dele: tendo o sustento e com que nos vestir, estejamos contentes” (1Timóteo 6.8).

Deus é o nosso Pai. Ele, além de nos dar o sustento de cada dia, nos deu o que de mais precioso pode existir: o seu Filho Jesus. Jesus, com a sua vida, morte e ressurreição nos conquistou um lugar no céu, onde há alegrias eternas.

Ele espera apenas que o aceitemos como o nosso Salvador, que creiamos nele e andemos nos seus caminhos para que tenhamos vida em abundância.

Contentemos-nos, pois, com o que temos, sabendo que Deus nos garante paz e segurança aqui na terra e, no futuro, a vida eterna que ele, em sua graça, nos promete dar.

Lindolfo Pieper

Jaru, RO – Brasil

Igreja Evangélica Luterana do Brasil